Estima-se que aproximadamente mais de 70 milhões de habitantes tenham vivenciado algum grau de insegurança alimentar nos últimos dois anos, colocando o Brasil de volta no Mapa da Fome da ONU, após mais de três décadas de sua remoção. Paralelamente, o desperdício de alimentos no país persiste, com os brasileiros descartando mais de meio quilo de alimentos diariamente, muitos dos quais ainda em condições adequadas para o consumo, devido a pequenas discrepâncias de cor ou tamanho. Como resposta, diversos trabalhos surgem explorando a criação de filmes finos biodegradáveis a base de amido, isso devido à composição de seus grânulos semicristalinos, capazes de se rearranjar em um polímero sob alta temperatura. Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo desenvolver um biofilme, enriquecido com propriedades antioxidantes e anti fúngicas provenientes do limão e da folha da amora, com o propósito de prolongar a vida útil dos alimentos. Para alcançar esse objetivo, conduziu-se uma pesquisa bibliográfica para compreender os impactos socioeconômicos do desperdício alimentar e estabelecer as práticas laboratoriais necessárias para a produção do filme. Espera-se que o BioMandi cause impactos positivos tanto na sociedade quanto no meio ambiente, diminuindo gastos à cadeia produtiva alimentar e reduzindo a produção de polímeros sintéticos altamente poluentes. As etapas de produção envolveram a combinação de amido de mandioca, um polissacarídeo composto por amilose e amilopectina, com glicerol, um plastificante amplamente utilizado na fabricação de biofilmes, além de água destilada como solvente. Posteriormente, intenciona-se incorporar os compostos extraídos do limão e das folhas de amora, conferindo ao filme as propriedades desejadas. Até o momento, realizou-se diversos testes laboratoriais para desenvolver que variam entre um biofilme controle e um biofilme com os princípios ativos. Foi possível produzir uma série de amostras de biofilme com os princípios ativos desejados, apresentando resistência à tração e torção significativas quando manipulados com as mãos. Contudo, durante a secagem destas, ocorreu o crescimento de fungos. O protocolo utilizado para a produção destes biofilmes se mostrou inconsistente, apresentando variação de resultado quando realizado mais vezes. Portanto, há ainda a necessidade de estabelecer um procedimento concreto para o bom desenvolvimento de BioMandi.

PALAVRAS-CHAVE: Alimentos. Biofilme. Bioquímica. Produção. Preservação.